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21 maio 2009

Efeméride

Cubal, 21 de Maio de 1972

Faz hoje 37 anos sobre a data em que uma tragédia passou rentinho à minha vida e à da minha família. O avião que vinha de Luanda para o Lobito caíra ao mar. Eu não sabia de nada . Fragilizada pela morte recente do meu Pai, nem tinha o aparelho de rádio ligado. A , minha filha mais velha tinha ido à missa ( era um Domingo) e aí tinha sido rezada missa pelas vítimas desse acidente, entre os quais Vítor Alves. Lavada em lágrimas , saiu a correr em direcção a casa, tendo sido interceptada pela minha querida e saudosa vizinha, Cândida Riobom, que a levou para sua casa, tentando consolá-la e dizendo-lhe sabiamente que não deveria ir para casa e esperar com ela por mais notícias.. Foi então que fui surpreendida pelas dezenas de pessoas que queriam dar, em primeira mão a notícia de que o Vítor era um dos três sobreviventes dessa grande tragédia. Ainda hoje permanecem nublados os acontecimentos desse dia mas recordo, com clareza a ida a casa do Morais, ao cimo da minha rua ,para poder ouvir a confirmação, sob palavra de honra ,de um colega do Morais, rádio amador, de que o Vítor era um sobrevivente. Tudo o que se passou a seguir foi vertiginoso . A chegada de mais e mais gente a mostrar a sua alegria e solidariedade, e eu sem saber o que fazer, até que chega a Suzete e o Necas Silva Carvalho, meus bons amigos e colegas da Escola que, juntamente com a minha Mãe e Cândida me metem no seu carro rumo ao Lobito. Uma viagem que mal consigo lembrar, a não ser que, à entrada do Lobito, havia uma operação stop e que ao saberem de quem se tratava nos escoltaram até ao Hospital. Aí, as cenas de desespero eram tão grandes que os meus temores regressaram. Só quando vi o Vítor, combalido, ferido , chocado, mas vivo é que serenei um pouco . Não podia dar largas à minha felicidade pois, à volta, o espectáculo de dor e sofrimento eram enormes. Nos dias que se seguiram , pude confirmar a amizade e solidariedade de tanta gente. Embora a entrada fossa permitida apenas aos familiares directos, alguns amigos conseguiram entrar e transmitiam a tantos que se encontravam fora, o que se passava. Quando, enfim, pudemos regressar ao Cubal, com muitas reticências dos médicos, não poderia imaginar o que nos esperava. Antes do Cubal, estava uma verdadeira caravana de boas vindas, com carros a apitar e pessoas a acenar, num cortejo que nos fez chorar de alegria, emoção e muita gratidão. Neste dia, em que comemoramos o milagre desta dádiva de Deus, lembramos sempre todos os que perderam a vida e também como os Cubalenses mostraram a sua amizade e solidariedade.Eu nasci no Solo ( entre Catengue e Caimbambo), o Vitor é de Quilengues e vivemos grande parte das nossas vidas em Benguela. De coraçâo, somos CUBALENSES.Muito obrigada Para ti, Ruca, uma porta aberta a todos, um grande abraço, extensível a teus Pais e a todos os Cubalenses Deus vos guarde.
Celeste e Vitor
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Meus Caros Celeste e Vítor,
Obrigado por tudo. Obrigado por partilharem esta efeméride que não só vos marcou, mas também à família cubalense e já aqui retratado (clicar aqui para relembrar) .
Lembro-me de tanta coisa que aqui referem. Lembro-me que faltavam dois dias para eu fazer 10 anos e da aflição dos meus pais quando souberam da notícia. Logo se puseram dentro do carro e fomos direitos à vossa casa, onde a Celeste se encontrava no jardim em frente sem saber de nada... acho que a avalanche de notícias que íamos recebendo pelo auto-rádio, tenham desencorajado os meus pais de irem falar com a Celeste. Não me lembro se o fizeram... lembro-me sim da alegria que foi, depois desta angústia toda... lembro-me da felicidade de todos nós, quando o nosso querido Vítor regressou ao Cubal.
Obrigado pelas Vossas palavras amigas.
Recebam um forte abraço de saudades meu e dos meus pais.